segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Plenária Nacional da ANEL no FSM Salvador aprova carta ao ME e lança campanha em Solidariedade ao Haiti



Plenária Nacional da ANEL no FSM Salvador aprova carta ao ME e lança campanha em Solidariedade ao Haiti






Trabalhadores e Estudantes juntos em solidariedade ao Haiti.

Cerca de 200 estudantes ocuparam o ginásio da UCSAL para participar da primeira atividade Nacional da ANEL em 2010. A mesa foi inicialmente composta pelo representante da Conlutas, Mancha; o representante do Andes- SN, Rodrigo Dantas; o estudante Otávio Calegari, que estava no Haiti no momento do terremoto e por fim pelo membro da Comissão Executiva Nacional da ANEL, Henrique Saldanha. A atividade foi apresentada por Luiz e Ilze, representantes estaduais da ANEL Rio de Janeiro e Bahia.

A discussão iniciada pelo ANDES e em seguida pela Conlutas abordou a Conjuntura retomando desde o difícil ano de crise em 2009 até o apontamento dos grandes desafios colocados ao conjunto dos movimentos sociais em 2010. Ambos os representante ressaltaram a importância da aliança do movimento estudantil com os trabalhadores para superar as traições das direções governistas da CUT e UNE, construindo uma nova direção combativa e independente tanto para o movimento sindical e popular quanto para o movimento estudantil. Na perspectiva da necessidade da unificação dos movimentos, Mancha da Conlutas apresentou o CONCLAT (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora) que terá como tema a unificação entre a Conlutas e a Intersindical em uma só ferramenta independente da classe trabalhadora.

O segundo momento da mesa foi tomado pela discussão em torno do Haiti. A plenária ficou atenta a apresentação do estudante Otávio Calegari que esteve no Haiti durante o terremoto pois participa de um grupo de pesquisa sobre o país. Otávio relatou com detalhes sua experiência desde sua chegada até os momentos pós-terremoto. Ele relatou suas percepções pela experiência concreta de visitas à fabricas, que superexploram a barata mão-de-obra haitiana, e até a maior favela de Porto Príncipe, Cité Soleil. O estudante expôs a situação de completa ausência do Estado e de qualquer contribuição das tropas de ocupação mesmo antes do desastre natural. O estudante criticou também o papel de ONGs que cumprem um papel auxiliar as tropas da Minustah.

Otávio contou que após o terremoto o caos social do país ficou ainda mais evidente: os corpos pelo chão, a falta de ajuda, comida e água se tornaram o cotidiano do país. Apesar disso, Otávio conta que não foram às tropas de ocupação que cumpriram o “papel humanitário”. Ele presenciou a solidariedade do próprio povo que por si só buscou comida e água, lutou para resgatar os corpos e montou os acampamentos para os desabrigados. Todo seu relato se tornou um exemplo vivo de que o Haiti precisa de fato de ajuda mas que somente uma Campanha de Solidariedade construída de forma independente e entregue as organizações dos trabalhadores haitianos é possível reverter de fato algo ao país.
Henrique Saldanha, pela ANEL, se apoiou no exemplo de experiência vivida por Otávio mas também na sua própria experiência como negro e morador da Bahia, estado com a maior população negra do país, para debater o tema acerca de toda a exploração e opressão sofrida pelo povo negro e haitiano e as conseqüências do terremoto para o Haiti. Henrique lançou as bases da Campanha da ANEL “Estudantes Brasileiros em Solidariedade ao Haiti – O Haiti precisa de ajuda, não de ocupação militar”. O estudante explicou a importância da construção de uma campanha classista de solidariedade também pelos estudantes. Somado a isso, ressaltou que diferentemente da UNE que em seu último Congresso aprovou apoio as tropas da ONU, é necessário intensificar o debate contra a ocupação militar no Haiti. A campanha tem objetivo de ir a Escolas e Universidades do país inteiro para debater o tema e arrecadar fundos para serem enviados ao Haiti através da Campanha já iniciada pela Conlutas.

Por fim, foi chamado a mesa para uma saudação o haitiano Frank Seguy. Ele retomou o histórico de dominação pelo imperialismo no país e reforçou o informe de Otávio, contando outras experiências com as tropas de ocupação. Por fim, agradeceu e reforçou a importância da campanha de solidariedade ao Haiti construída de forma independente.
Após as apresentações, a plenária foi seguida com várias intervenções de estudantes e entidades do Brasil inteiro. Foram muitos informes da construção da ANEL nos Estados, das lutas nas Universidades e Escolas e dos novos desafios ao movimento estudantil.

Anel Bahia e Conlutas apresentam o debate sobre Questão racial.

O segundo momento da plenária foi tomado pelo debate sobre a questão racial. A mesa contou com o representante do GT de Negros e Negras da Conlutas, Júlio Condac e com o estudante Jean representando a ANEL Estadual Bahia, primeira estadual a realizar Iº Seminário de Consciência Negra da Anel. O debate girou em torno do debate sobre a questão racial evidenciando toda opressão sofrida pelos negros e negras. O programa defendido por ambos os representantes incluia uma perpectiva de raça e classe na luta contra a combinação da exploração capitalista e da opressão étnico-racial, esta última responsável pela manutenção e ampliação do abismo sócio-econômico existente entre brancos e negros.

Nesse ponto da plenária também foi aprovada que a ANEL assinaria e participaria do encaminhamento do processo contra a violência presenciada por diversos manifestantes ao final da marcha do Haiti na noite do dia 29/02. Um policial atirou em um morador de rua, negro e pobre, achando que crime passaria anonimamente porém houve grande manifestação no momento na qual a população e os manifestantes repudiaram o ato.
Por fim, a partir de toda discussão feita na plenária todos presentes aprovaram uma carta ao conjunto do movimento estudantil que sintetiza toda discussão feita nessa vitoriosa plenária. Leia a carta abaixo:



Carta ao Movimento Estudantil Brasileiro
2010: ano de desafios, ano de unidade!

Frente aos desafios de mais um ano que se inicia, a Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre se declara ao conjunto de ativistas, entidades e organizações estudantis do Brasil, no sentido de iniciar um debate que possa armar a mais ampla unidade na luta e socializar seu entendimento sobre as principais tarefas para o movimento estudantil.
Durante o ano passado, desde o anúncio de indicadores recessivos em nível global e da quebra de importantes bancos que sustentavam o sistema financeiro mundial, o debate e a disputa ideológica em torno à saída da crise se instalou como a marca do cenário político do último ano. Frente às demissões na Vale e na EMBRAER e a entrada no Brasil na crise, o movimento estudantil combativo assumiu como tarefa, desde uma perspectiva classista, mobilizar os estudantes contra todos os ataques que pudessem transferir a conta da crise à educação pública, aos jovens e aos trabalhadores.
Recém saída das ocupações de reitoria, que devolveram a visibilidade e ânimo de luta ao movimento estudantil, uma ampla camada de ativistas se fez presente nas ruas, Universidades e escolas bradando "que os ricos paguem pela crise!".
Naquele momento, vimos se impor no mundo uma verdadeira sangria dos cofres públicos, em favor de bancos e empresas ameaçadas pelas quedas na taxa de lucro. Tendo Obama a sua frente, o imperialismo impôs em toda parte uma agenda clara de salvamento de seus lucros, enquanto restava aos povos de todos os países o aumento do desemprego, a precarização dos serviços e a retirada de direitos.

Em nosso país, Lula assumiu a missão dada pelo imperialismo sem qualquer mediação. Isentou a indústria de impostos e concedeu verdadeiras doações via BNDES, ao passo que não ofereceu qualquer garantia à estabilidade no emprego. Como conseqüência da queda na arrecadação, não poupou a saúde e a educação de cortes no orçamento.
Ao se abrir o ano de 2010, vivemos um período de recuperação parcial na economia, que encerra um primeiro capítulo na disputa em torno à crise. Em nível mundial, a economia toma um fôlego, com uma recomposição de indicadores de crescimento que, contudo, não recuperam as perdas e não voltam aos patamares anteriores à crise. Á ação organizada dos estudantes importa, portanto, compreender os reflexos dessa recuperação parcial da economia na disputa da consciência e, ao mesmo tempo, ter a clareza de que estamos falando de um momento transitório, no qual nos cabe preparar o acúmulo de forças para as próximas batalhas em defesa de nossos direitos.
Por entender o caráter efêmero dos efeitos da intervenção dos Estados perante a magnitude da crise econômica, a ANEL interpreta como uma farsa ideológica a campanha corrente, que anuncia o fim da crise e prevê anos dourados pela frente. Apoiado na recuperação parcial internacional, o governo Lula têm tido êxito até aqui em consolidar a idéia de que o Brasil superou a crise e vai muito bem. Tendo CUT e UNE como fiéis aliados, Lula pôde bloquear uma ação mais generalizada do movimento de massas e, assim, capitalizar o momento e se fortalecer.

Cabe considerar, ainda, que conforme se aproximam as próximas eleições presidenciais, já se antecipam elementos da polarização entre os dois blocos que durante os últimos anos governaram o país com o mesmo programa neoliberal, cada um apenas o adequando a seu perfil.

Se temos a clareza de que Dilma e Serra representam, portanto, uma falsa polarização, seria equivocado não compreender que, mediante a ausência de fortes lutas, tende a primar na consciência o debate em torno às duas principais opções eleitorais.
Apontamos para um ano no movimento estudantil em que a disputa paciente pela consciência será uma tarefa estratégica para seus setores combativos. Assim, acreditamos que poderemos acumular forças no sentido potencializar um novo momento de lutas que se abra no país, na medida em que, desde já, saibamos nos unir em torno a ações que estejam de acordo com o nível de consciência atual.

No presente momento, no movimento sindical e popular está se dando um processo que para a ANEL é um exemplo importantíssimo de unidade dos setores combativos, no marco da atual conjuntura. A fusão da CONLUTAS e Intersindical, a ser sacramentada no Congresso da Classe Trabalhadora (CONCLAT), é uma experiência que nos mostra o caminho da unidade com respeito às diferenças, pautada na busca da convergência entre os setores socialistas comprometidos com tal iniciativa. Com a nova organização que está para surgir, estamos seguros que a classe trabalhadora acumula forças para o combate cotidiano e no sentido mais estratégico de sua emancipação. Por isso, a ANEL se jogará com todas as suas forças para que esse processo transborde sobre o movimento estudantil e seja uma referência para unir toda a esquerda combativa que atua nas escolas e Universidades do nosso país. Dessa forma, queremos contar com todos os setores de oposição de esquerda da UNE na construção desse importante congresso nas bases de escolas e Universidades.

É nessa perspectiva que a ANEL lança um grande chamado à unidade de todos os setores que atuam no movimento estudantil comprometidos com a luta da classe trabalhadora e independentes de governos e patrões. Nosso empenho é o de construir uma intensa unidade na base, com a construção de comitês, chapas de unidade, oposições unificadas, campanhas nacionais e todo tipo de iniciativa que some forças na batalha em defesa da educação pública e dos direitos da juventude.

E como primeira iniciativa, convidamos todos esses setores a se somarem à campanha que estamos realizando em solidariedade ao povo do Haiti. A mobilização em torno a essa tarefa deve ter um claro recorte de classe, rechaçando o discurso hegemônico que busca confundir a necessidade de ajuda ao Haiti com o envio de mais tropas e o aprofundamento da militarização do país. Junto ao empenho na arrecadação de fundos, cabe a todos nós a missão de denunciar a hipocrisia de governos de todo mundo que gastaram fortunas com o salvamento de bancos que fazem sua "ajuda" agora parecerem esmolas. Assim, poderemos questionar o papel das tropas brasileiras enviadas por Lula, que em cinco anos de ocupação não ofereceram qualquer melhoria significativa que pudesse dar condições ao Haiti de minimizar os efeitos da catástrofe natural.

O ano começa e está lançado o desafio. Com unidade na base das escolas e Universidades de todo o país, trilharemos o caminho de mais um ano de muito combate.

Aos estudantes, mãos à obra! Contem com a ANEL!


Plenária Nacional da ANEL
Forum Social Mundial Temático
Salvador, 30 de janeiro de 2010

ANEL pela 1ª vez no FSM

ANEL pela 1ª vez no FSM


Este ano aconteceram duas edições do Fórum Social Mundial (FSM). A primeira, em Porto Alegre, entre os dias 25 a 29 de janeiro, e em seguida, em Salvador, entre os dias 29 a 31 de janeiro. A ANEL, que marcou presença nas duas edições, diferenciou-se do tom majoritariamente governista do Fórum oficial defendendo uma nova forma de fazer Movimento Estudantil, sem o atrelamento e a burocratização da UNE.


A ANEL participou dos principais debates e discussões da Conjuntura atual e reorganização, tendo grande foco o tema do HAITI. Em Porto Alegre, a ANEL inaugurou sua primeira participação em um FSM com o debate “Haiti: luta e solidariedade”. Cerca de 60 pessoas ocuparam o Espaço Hip-Hop, do Acampamento Internacional da juventude debatendo dúvidas e sugestões sobre como ajudar o Haiti e questionando o papel das tropas de ocupação no pais.


Em Salvador, a ANEL iniciou sua participação na marcha convocada pela Conlutas e Intersindical em solidaderiedade ao povo Haitiano. Muitas faixas, bandeiras e palavras de ordem também denunciavam a ocupação militar naquele país. Em seguida a ANEL garantiu sua participação na reunião da Coordenação Nacional da Conlutas que também teve como ponto de discussão o HAITI. Na plenária, a ANEL iniciou sua campanha financeira em Solidariedade ao povo haitiano com venda de camisetas e arrecadação de fundos, se incorporando oficialmente a campanha de solidariedade classista ao Haiti, promovida pela Conlutas e outras entidades do movimento.

No dia seguinte, a ANEL garantiu sua participação na Plenária da Coordenação Pro - Central. Camila Lisboa, da Comissão Executiva Nacional da ANEL, reforçou a importância desse processo e seu reflexo para o Movimento Estudantil de luta (veja o vídeo). A plenária aprovou a realização de ações conjuntas em torno às bandeiras do movimento e também definiu calendário do Congresso de Unificação e os critérios para eleição de delegados.

Esses debates também foram levados com força para a Plenária Nacional da ANEL realizada no dia 30 de Janeiro, 15h no Ginásio da UCSAL (Em breve o relato completo da Plenária).